Não foi exatamente como há 54 anos, quando a seleção brasileira conquistou sua primeira Copa do Mundo e encantou o planeta ao vencer os donos da casa por 5 a 2. Nesta quarta-feira, no entanto, o Brasil voltou a Estocolmo para se despedir do palco onde, em 1958, Pelé & cia. deram o pontapé inicial para a dinastia mais vitoriosa da história do futebol mundial. Cinco dias após perder o ouro olímpico dos Jogos de Londres, o time de Mano voltou a repetir erros, não convenceu, mas bateu a Suécia por 3 a 0, no Rasunda, e conseguiu, enfim, respirar um pouco mais aliviado após uma semana tensa.
Artilheiro dos Jogos Olímpicos, Leandro Damião marcou no primeiro tempo, aproveitando passe de Neymar para balançar as redes pela sétima vez nos últimos sete jogos com a amarelinha. Já nos minutos finais, Alexandre Pato saiu do banco para incendiar a partida e marcar outros dois gols.
A vitória pode significar alívio para a comissão técnica. Uma derrota colocaria ainda mais lenha na fogueira de especulações sobre a permanência ou não de Mano Menezes, apesar das recentes garantias do presidente da CBF, José Maria Marin, e do diretor de Seleções, Andrés Sanches.
A partida teve um tom de recomeço. A Seleção deu seus primeiros passos de olho no novo projeto: a Copa das Confederações, no ano que vem. Os próximos serão dados em setembro, quando o Brasil enfrenta a África do Sul, no dia 7, em São Paulo, e a China, três dias depois, no Recife.
Festa, homenagens e “peso da camisa”
Apesar de o amistoso ser um jogo festivo, antes mesmo de a bola rolar os brasileiros deixaram claro que o clima não era de celebração. O combinado era que a Seleção enfrentaria a Suécia com uma camisa azul similar à que foi usada no primeiro título mundial conquistado, em 1958. A ideia foi de José Maria Marin, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). No entanto, os jogadores acharam o material muito pesado e entraram no gramado com o uniforme, posaram para fotos, mas usaram as camisas atuais durante o jogo. De acordo com a CBF, o uniforme de 58 também dificultaria a transmissão da TV, uma vez que não tem o número na frente.
- Um pouco pesada, mas é um orgulho muito grande fazer parte dessa festa e ver os ídolos que deram o primeiro titulo para o Brasil – disse Neymar, no intervalo.
De qualquer forma, muita festa no Rasunda. Dançarinas brasileiras e suecas fantasiadas desfilaram pelo gramado, enquanto os campeões e vice-campeões do mundo, em 58, foram homenageados. Outros nomes que marcaram o futebol da Suécia também foram saudados, como o ex-goleiro Thomas Ravelli e o ex-atacante Henrik Larsson. Estrela maior, Pelé – emocionado – falou para o público. A rainha Sìlvia, da Suécia, também esteve no estádio e acompanhou a partida ao lado do vice-presidente da República, Michel Temer.
- É um momento de muita emoção. Nesse estádio, quando eu tinha 17 anos, muitos de vocês ainda não eram nascidos. Foi muito especial não só para mim, mas para todo o Brasil, que conquistou seu primeiro título mundial aqui. Eu quero retornar a vocês todo o amor que me deram em 1958. Eu amo vocês – disse o Rei, que também deu o pontapé inicial da partida.
Receita olímpica: passe de Neymar, gol de Damião
Em campo, quatro mudanças em relação à equipe que iniciou a partida contra o México, na decisão dos Jogos Olímpicos de Londres. Daniel Alves, David Luiz, Paulinho e Ramires entraram nas vagas de Rafael, Juan, Marcelo (suspenso) e Sandro. Com isso, Alex Sandro voltou à sua posição original e atuou na lateral esquerda.
Do outro lado, Erik Hamren manteve a base da Suécia eliminada na primeira fase da Eurocopa. Entretanto, com um grande desfalque. Com dores no pé, o astro Zlatan Ibrahimovic não foi para o jogo e deu lugar a Marcus Berg.
E os suecos também logo mostraram que não estavam em clima de festa. Logo no início, Larsson levantou Oscar em falta duríssima. Caçado por Wilhelmsson, Neymar também sofreu. O árbitro húngaro Robert Kispal – o único em campo em clima de festa – aliviou e não puniu o atleta.
Com a bola rolando, um Brasil com mais posse e domínio territorial, porém lento e com dificuldades para superar a retranca sueca. Diferentemente das Olimpíadas, Neymar jogou mais centralizado ao lado de Damião, com Oscar caindo pela esquerda, e Ramires, pela direita. Mesmo sem encantar, a Seleção teve as melhores chances. Daniel Alves chegou perto em duas cobranças de falta, e Neymar marcou aproveitando rebote de um chute na trave de Oscar. A arbitragem, no entanto, errou e anulou o lance, apontando impedimento inexistente.
Aos 31, enfim, o Brasil marcou, e com a receita dos Jogos Olímpicos. Assistência de Neymar – quinta nos últimos sete jogos – e gol de Leandro Damião – sétima nos últimos sete jogos. Bem no jogo, o craque do Santos cruzou da esquerda para o camisa 9 completar de cabeça: 1 a 0.
Pato sai do banco e brilha
Na segunda etapa, sem mudanças de peças, a Seleção voltou mais solta e envolvente. Neymar, em bonita jogada individual, e em cobrança de falta, quase marcou, assim como Paulinho, de cabeça, e Leandro Damião e Oscar em chutes de fora da área.
Aos 30, Mano começou a mexer no time. De uma só tacada, trocou Oscar, Damião e David Luiz por Hulk, Alexandre Pato e Dedé. O zagueiro do Chelsea saiu machucado.
Com as mudanças, o ritmo do jogo caiu um pouco e a Seleção se mostrou satisfeita com a vitória magra. Após uma pancada, Neymar saiu mancando e deu lugar a Lucas, mas foi Alexandre Pato quem brilhou nos minutos finais. Primeiro, em posição duvidosa, ele recebeu passe de Daniel Alves para ampliar aos 40: 2 a 0. Dois minutos depois, o atacante do Milan recebeu em profundidade de Ramires e foi derrubado na área. Pênalti, que o próprio Pato cobrou e selou a vitória brasileira, já aos 44.
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Fonte: Globoesporte