Há 78 anos atrás, em Buenos Aires-ARG, nascia Jorge Mario Bergoglio, atual dono do posto mais alto da hierarquia católica. Quis o destino que, nesta quarta-feira, o Papa Francisco tivesse mais motivos para comemorar que o próprio aniversário. Como presente ao seu torcedor mais ilustre, o San Lorenzo-ARG avançou, pela primeira vez em sua história, à decisão do Mundial de Clubes. No Stade de Marrakech, a formação azul e grená passou muito sufoco, mas superou a zebra Auckland City-NZE, pelo placar de 2 a 1. Após a igualdade em 1 a 1 no tempo normal, coube ao experiente Mauro Matos, no período inaugural da prorrogação, decretar a classificação do Ciclón.
Mesmo mostrando desconforto no primeiro tempo, com o cadenciado esquema apresentado pela formação neozelandesa, o Corvo foi aos vestiários em vantagem, com gol nos acréscimos, marcado por Barrientos. O tento não abateu os representantes da Oceania, que empataram através de Berlanga, após linda jogada do argentino Tade. Porém, após o período regulamentar, Mauro Matos aproveitou uma falha da zaga, após cruzamento de Romagnoli, para vencer o goleiro Tamati Williams, em finalização rasteira.
Assim, os gaúchos de Boedo disputarão o topo do planeta com o favorito Real Madrid-ESP. O confronto contra os merengues está programado para este sábado, às 17h30 (de Brasília), também em Marrakech. Antes, às 14h30, a formação da Nova Zelândia mede forças com o Cruz Azul-MEX pelo terceiro lugar.
Auckland incomoda com toque de bola, mas Barrientos faz a festa argentina
Fã do tiki-taka, o técnico catalão Ramon Tribulietx, responsável por levar o Auckland City à semifinal do Mundial Interclubes, ousou e orientou seus comandados a tocarem a bola com calma e tranquilidade. Surpreso com a postura, o San Lorenzo se resguardava e buscava ser agressivo com a bola no pé. Quando conseguia desarmar as investidas, bem arquitetadas pelos participativos Vicelich e Iwata, os agudos laterais Buffarini e Emmanuel Más se mostravam como boas opções.
Sem abrir mão da estratégia traçada por Tribulietx, os neozelandeses criaram a primeira chance da partida, aos 11 minutos. Curiosamente, com um argentino. Emiliano Tade recebeu na intermediária, entortou Gonzalo Verón e finalizou firme, rasteiro. Atento e no meio do gol, Torrico segurou firme. Com 18 jogados, foi a vez do camisa 10 De Vries assustar, chutando à esquerda da trave argentina.
A oportunidade inaugural dos gaúchos de Boedo surgiu apenas aos 20 minutos. Após roubada de bola, Gonzalo Castro ergueu a cabeça e acionou Cauteruccio. Em posição legal, o camisa 9 azul e grená invadiu a área e finalizou firme, rasteiro. Atento, Tamati Williams praticou a providencial defesa, para salvar os azarões.
Com o passar do tempo, os comandados de Edgardo Bauza se mostraram incomodados e passaram a protagonizar lances ríspidos. Aos 33 minutos, Barrientos atingiu Iwata com um carrinho, na ponta esquerda, mas o árbitro australiano Benjamin Williams fez vistas grossas. Com 39 jogados, Kannemann acertou Bilen sem bola e recebeu o amarelo. O lance causou desentendimento entre os atletas, onde o defensor argentino simulou, teatralmente, uma agressão no rosto.
Porém, para acalmar os ânimos da nação azul e grená e presentear o Papa Francisco, Barrientos foi às redes, nos acréscimos do primeiro tempo. Após fazer boa ultrapassagem pela ponta esquerda, Emmanuel Más cruzou rasteiro e viu o dianteiro finalizar com firmeza e precisão. Tamati Williams se esticou no canto esquerdo, mas não conseguiu evitar o tento dos sul-americanos.
Argentino brilha em empate do Auckland, mas San Lorenzo exorciza rival na prorrogação
O tento nos acréscimos da primeira etapa não abateu o Auckland City, que seguiu trabalhando a bola com tranquilidade, explorando as falhas constantes de Néstor Ortigoza na saída de bola. Inspirado, o argentino Tade, o melhor atleta dos neozelandeses em campo, foi o cérebro do empate. O jogador de 26 anos recebeu na intermediária e executou um passe primoroso para De Vries. Livre na área, o camisa 10 se atrapalhou com a saída de Torrico, mas viu a bola sobrar para Berlanga, que só teve o trabalho de balançar a rede.
A improvável virada do Auckland City quase ocorreu aos 31 minutos. Em contragolpe bem arquitetado pela ponta direita, Tade recebeu com liberdade na área, com a chance de coroar a grande atuação com um gol. Porém, incrivelmente, o camisa 20 concluiu muito mal, à direita da trave argentina. Sem sustos, os neozelandeses aproveitaram o nervosismo argentino para encaminharem a disputa até a prorrogação.
No primeiro tempo extra, o San Lorenzo não quis dar chances ao azar e tratou de exorcizar o azarão. Aos seis minutos, o experiente camisa 10 Romagnoli, substituto de Gonzalo Verón, alçou a bola na área adversária. Após dividida envolvendo Barrientos, a bola sobrou para Mauro Matos, e o experiente centroavante não desperdiçou, finalizando firme e rasteiro para vencer Tamati Williams.
O segundo período de prorrogação, por sua vez, durou uma eternidade para os gaúchos de Boedo. Com o esquema extremamente ofensivo, o Auckland City pressionou o Ciclón, que se resguardou para avançar. Os valentes neozelandeses, aos oito minutos, chegaram a acertar a trave direita de Torrico, em finalização rasteira de Payne. Porém, o apito final em Marrakech decretou a festa na Argentina, e também no Vaticano.
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Fonte: Gazeta Esportiva
Fotos: Agência AFP
