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quarta-feira, 6 de março de 2013

É possível levar uma vida normal ao saber lidar com as peculiaridades da diabetes. 

Considerado um problema de saúde pública e uma epidemia mundial, a diabetes é uma doença crônica e metabólica que afeta pessoas de todas as idades e sexo. De acordo com informações da Sociedade Brasileira deDiabetes (SBD), a doença acontece quando há uma deficiência na utilização da glicose pelo organismo, levando à hiperglicemia devido a problemas na produção ou no uso do hormônioinsulina. “Ela é bastante perigosa justamente porque é uma doença silenciosa cujas complicações vêm a longo prazo e afetam vários órgãos, como rins, coração, pulmão, retina e até os nervos”, conta o Professor Dr William Komatsu da Unifesp. (www.bio-track.com.br).

Os números são alarmantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que atualmente são 374 milhões de diabéticos em todo o mundo e o número de mortes em decorrência da doença devem dobrar entre 2005 e 2030. O endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira deDiabetes, Balduíno Tschiedel, conta que os custos da doença são enormes também, não apenas para o diabético e sua família, mas também para todo o sistema de saúde, fazendo com que a prevenção se torne cada vez mais necessária e essencial. “Mas não tenho dúvidas de que na próxima década o número de diabéticos vai aumentar. Quanto mais urbana a população, maiores as chances de desenvolver a doença, por causa do sedentarismo. Além disso, se continuarmos com esse estilo de vida americano, muito prático, com alimentos gordurosos e porções maiores, teremos um incremento da diabetes tipo 2. A do tipo 1 também cresce, mas não se sabe ao certo qual o gatilho ambiental que leve a ela”, diz Tschiedel.

O Ministério da Saúde divulgou, em novembro do ano passado, que a diabetes mata quatro vezes mais do que a Aids e supera o número de vítimas do trânsito. A doença crônica ainda é fator de risco para outras doenças, tendo sido associada a 123 mil mortes diretas ou indiretas em 2010. A preocupação com a doença é tamanha que o Brasil vai produzir insulina em escala industrial para ampliar o atendimento a 7,6 milhões de diabéticos – 900 mil dependentes exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS).


Os tipos de diabetes
Existem três tipos de diabetes e elas têm características distintas, embora tenham em comum o fato de serem perigosas para a vida do paciente.

Diabetes tipo 1: Tschiedel diz que afeta de 5 a 10% da população e não tem histórico familiar. Acomete, em sua maioria, crianças e adolescentes de 0 a 20 anos, mas também pode afetar indivíduos de outras idades. “Hoje mesmo diagnostiquei uma senhora de 50 anos como diabética tipo 1”, conta o presidente da SBD. Nesse tipo de diabetes, as células do corpo atacam as células de insulina em um processo autoimune que a medicina ainda não sabe explicar por quê acontece. É de tratamento mais complicado e requer doses diárias de insulina e controle mais detalhado da glicemia no sangue.

Diabetes tipo 2: corresponde a 90% dos casos de diabetes e é mais comum em adultos, embora por causa da obesidade diversas crianças e adolescentes também tenham manifestado a doença. “Sabe-se que a obesidade e o sedentarismo são os componentes ambientais que levam a esse tipo de diabetes”, conta Tschiedel. Em geral há outros diabéticos na família – também do tipo 2 – e o pâncreas produz a insulina – às vezes até em excesso -, mas a obesidade prejudica sua absorção. O diagnóstico tardio gera complicações em órgãos vitais como cérebro, coração etc.

Diabetes gestacional: acomete as mulheres que têm ganho excessivo de peso durante a gravidez e que têm histórico familiar de diabetes tipo 2. “As gestantes podem dizer que estão diabéticas, porque a doença costuma desaparecer depois do parto, mas 80% das mulheres que tiveramdiabetes gestacional tendem a desenvolver a doença do tipo 2 futuramente”, conta Komatsu.


DesconfiePouco sintomática, a diabetes pode ter seu diagnóstico demorado, levando a complicações. “Alguns sintomas são comuns aos três tipos da doença, como a maior frequência urinária e o aumento da sede. No caso da diabetes tipo 1, há o emagrecimento e o diagnóstico é bem mais rápido. No caso da tipo 2, a perda de peso só aparece se estiver muito descompensada”, conta Komatsu. Dentre os principais indícios de sua presença estão:
- sede excessiva;
- maior frequência urinária;
- aumento do apetite e perda de peso;
- cansaço;
- visão embaçada;
-infecções frequentes, em especial de pele.

Por trazer riscos à saúde, a doença demanda maior cuidado e controle por parte dos pacientes, que têm de cuidar principalmente da dieta, que precisa ser sempre equilibrada.


A importância da atividade física para diabéticosA diabetes do tipo 1 não tem como ser prevenida, já que não se sabe qual é o gatilho ambiental que a desencadeia, como explicou Tschiedel. Já a enfermidade do tipo 2 é passível de prevenção por meio da simples mudança do estilo de vida.

A Federação Internacional de Diabetes (IDF) orienta que praticar atividades físicas, evitar o sobrepeso e a ingestão de gorduras e aumentar o consumo de fibras reduz consideravelmente as chances de desenvolver o problema do tipo 2. A OMS preconiza ainda que manter uma dieta equilibrada e evitar o tabagismo também são medidas que devem ser adotadas para complementar os cuidados propostos pela IDF. Seguindo essas orientações, a diabetes vai demorar a aparecer. Além disso, Tschiedel destaca que “dá para levar uma vida normal. A doença tem controle, mas não tem cura”.

Komatsu lembra que o ideal é que os cuidados com o diabético sejam feitos por uma equipe multidisciplinar composta por profissional de educação física, nutricionista e médico endocrinologista. Quanto à prática de atividades físicas, é recomendado que o paciente procure aquela que mais goste e tenha afinidade, mas Komatsu conta que algumas modalidades demandam maiores cuidados por parte do praticante e do profissional de educação física, como os esportes de contato, o mergulho e as competições. “Pode ser feito, mas requer cuidados tanto por causa das
complicações crônicas da doença, como pelo fato de poder sofrer um impacto na retina, podendo ocorrer um descolamento e de passar dos próprios limites na ânsia de vencer a competição.”

Os valores da glicemia também precisam ser constantemente mensurados ao longo da prática da atividade para evitar os extremos de hipo e hiperglicemia. “O profissional de educação física tem que ter conhecimento para tratar essas pessoas, fazer cursos e se inteirar sobre o assunto. Ahiperglicemia traz danos aos órgãos a longo prazo e o indivíduo não sente nada. E durante a atividade física, mesmo com o valor da glicemia dentro dos valores considerados normais, pode-se chegar à hipoglicemia dependendo da intensidade e duração do exercício já que o organismo vai consumir mais glicose durante a atividade física”, orienta William Komatsu.

Revista Novo Perfil Online
Por Portal EF


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