Quem deseja otimizar o treino não precisa apenas investir em roupas mais leves e tênis adequados. A playlist que você escuta enquanto malha, corre ou caminha afeta, e muito, seu desempenho.
Portanto, ela deve ser montada levando em consideração qual exercício você realizará e o bpm (batimento por minuto) de cada canção. É o que aponta o estudo de Marcelo Bigliassi, publicado na Revista Brasileira de Psicologia do Esporte.
Mas para montar uma listagem com músicas adequadas para a atividade é preciso selecionar as canções levando em consideração o gosto pessoal e o quanto a canção é motivadora. "A pessoa deve escolher uma música que ela se sinta confortável ouvindo e, caso ela não tenha como medir o bpm e avaliar se é uma boa escolha, o ideal é que ela tenha pelo menos o batimento próximo da frequência de passadas que ela dá", recomenda Bigliassi.
Não existe nenhum estilo musical proibido para se ouvir durante os treinos. Bigliassi indica acrescentar na listagem músicas que tragam alguma recordação boa e revigorante. "É uma música que assim que começa a tocar estimula e dá um gás para que a pessoa continue fazendo a atividade", determina.
Ouvir música durante a prática de atividades é recomendado com base em estudos de processamento paralelo. "À medida que a pessoa faz um exercício ela foca mais no que escuta do que nas pequenas dores e no cansaço que a atividade traz", revela.
Músicas de caráter inspirador também podem ajudar a dar um ânimo para levantar do sofá e ir para a academia. "A Eye of The Tiger, trilha do filme Rocky Balboa, por exemplo, já foi alvo de diversos estudos, pois ela passa uma mensagem positiva e quando usada antes de praticar uma atividade apresenta melhorias nessa atividade", explica.
Medir o bpm
Diversos aplicativos podem ser baixados na internet para identificar qual o batimento por minuto de uma canção, mas ainda assim mostrar a lista ao professor de Educação Física é uma das melhores opções. "A pessoa deve procurar um profissional com conhecimento para se certificar se as músicas escolhidas são adequadas ao treino que ele realiza", destaca ele.
Uma música ideal para uma corrida de maior intensidade deve ter, em média, uma variação de 120 a 145 bpm. Já uma caminhada moderada, entre 115 e 125, enquanto uma caminhada leve deve ter até 100 bpm. Ainda que escutar uma música com o bpm incorreto para atividade física possa afetar o treino, ela não traz nenhum tipo de prejuízo para o corpo. "Mas nem sempre ouvir uma música dessas é ruim, pois durante uma atividade a pessoa pode usar uma música não sincronizada, mas ter os batimentos cardíacos aumentados por essa canção ser motivacional e aumentar a ativação para a tarefa", pondera o autor do estudo.
Músicas diferentes para cada treino
Para quem treina musculação, mas não deixa o treino aeróbio de lado, o ideal é separar os treinos em duas playlists, pois cada exercício tem uma execução rítmica diferente. "A corrida tem uma batida, enquanto a musculação tem outra. Quando a pessoa está fazendo um treino de hipertrofia, uma música muito rápida sai da pulsação rítmica do próprio exercício e isso não é adequado", destaca Carlos Hernan Guerrero Santana, membro do Conselho de Educação Física de SP.
Bigliassi indica músicas motivacionais para os treinos de musculação. "É muito difícil sincronizar uma música com as repetições de cada exercício, teria que colocar uma canção muito lenta e o caráter motivacional fica perdido", alerta.
Para quem costuma fazer um treino de alongamento antes de iniciar outras atividades, essa playlist também deve ser composta de músicas diferentes e mais calmas.
Playlists prontas
O iTunes, reprodutor de áudio desenvolvido pela Apple, dispõe de diversas playlists que podem ser baixadas para a prática de diferentes tipos de exercícios. No entanto, Bigliassi alerta que as músicas selecionadas nem sempre têm a mesma qualidade motivacional para cada um. "Não existe uma única canção que motive a todos. É uma escolha muito pessoal", explica.
Além disso, existe a questão da sincronização dos movimentos. "A música proposta pode oferecer uma intensidade diferente, pois mesmo que eles tenham elaborado a listagem pensando numa frequência de passadas média, isso varia de pessoa para pessoa”, define.
Revista Novo Perfil Online
Fonte: Portal da Educação Física
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